Butiá Investimentos

Debêntures: Ofertas avançam com alta da Selic e expectativa de retomada
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*Conteúdo reproduzido – Matéria originalmente escrita por Poliana Santos e publicada em Suno Notícias

 

Depois de ter sofrido no primeiro ano da pandemia, o mercado de debêntures mostra fortes sinais de aquecimento, em meio a um cenário econômico brasileiro mais positivo tanto para as empresas como para o investidor. As debêntures são um tipo de investimento de renda fixa, emitido por empresas que precisam de recursos para investir e crescer.

O movimento de alta da taxa básica de juros explica também o aquecimento deste mercado, assim como outros tipos de investimentos de renda fixa. Entre janeiro e maio deste ano, as ofertas no mercado de capitais alcançaram R$ 198 bilhões entre janeiro e maio deste ano, volume 54,1% maior do que no mesmo período de 2020.

Só o volume de debêntures representou 42,5% do total no mercado de capitais no período, somando recursos na ordem de R$ 23,3 bilhões, conforme os dados da Anbima. Entre janeiro e maio deste ano, o volume captado por esses ativos foi cerca de duas vezes maior do que no mesmo período do ano passado.

No entanto, a grande maioria destas operações está sendo destinada apenas para investidores qualificados, em operações chamadas de “ofertas restritas” ou CVM 476. Nos primeiros meses de 2021, foram registradas 143 ofertas restritas e apenas 3 ofertas abertas ao público (conhecidas como CVM 400).

Além disso, a proposta da reforma tributária, de unificar a cobrança de Imposto de Renda (IR) com alíquota de 15% sobre os rendimentos, extinguindo a tabela regressiva, deve estimular ainda mais a procura por títulos de renda fixa como debêntures.

“Para os fundos abertos e ativos de renda fixa, a proposta é positiva. Outro fator interessante é a unificação da tabela de IR sobre o ganho de capital, mudando da tabela regressiva para unificar a cobrança na alíquota mínima de 15%, independentemente do prazo que você permanecer na aplicação”, analisou Dias.

Debêntures avançam sobre o crédito bancário

De acordo com o CEO da Butiá InvestimentosRodrigo Dias, no ano passado, no início da pandemia, o que se via era o temor do mercado e das próprias empresas em relação à economia brasileira em meio aos possíveis impactos das medidas mais restritivas do isolamento social. Portanto, se alguma empresa procurava financiar seus projetos procuravam então o crédito bancário.

No entanto, com o avanço da vacinação e elevação da taxa Selic, as empresas estão hoje mais positivas. “O mercado hoje já tem uma visão mais positiva com o ritmo de vacinação, abertura de mercado e a demonstração de resiliência por parte de algumas empresas. Por outro lado, os fundos de crédito estão mais compradores com essa nova narrativa do Banco Central, hoje projetamos uma Selic em torno de 7% diferente do final ano passado que estava em 2%”.

Se tem oferta é porque tem demanda, isso é o que afirma o gestor da Integral Investimentos, Marcos Lorio. Para ele, o mercado de capitais, especificamente de debêntures, tem cada vez mais participantes. Os investidores pessoa física, os bancos, os fundos e as corretoras têm olhado cada vez mais para esses ativos.

“Por conta da alta da Selic, estamos vendo os investidores pessoas físicas e também os institucionais voltarem a comprar esses ativos. Estamos vendo uma forte demanda das empresas por crédito e uma maior entrada de recursos nos ativos.”

Fundos de crédito ampliam captações

Os fundos de crédito privado, que aplicam em títulos de renda fixa de empresas privadas, estão se beneficiando do mesmo movimento. Os especialistas apontam que a retomada dos investimentos em fundos de crédito privado se deve à alta na Selic que os tornam mais atrativos conforme os juros sobem.

A retomada ocorre depois de um ano difícil para esta indústria, que registrou em 2020 resgates na casa dos R$ 94,7 bilhões. Após meses consecutivos de saques, os fundos de crédito privado voltaram a apresentar captação líquida e acumularam um fluxo positivo de R$ 580 milhões em março.

É válido lembrar que esses fundos investem em títulos de renda fixa como debêntures, Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) entre outros ativos e, são mais rentáveis que os títulos públicos, embora tenham mais riscos.

Ofertas de debêntures das empresas Rumo, Itaúsa e Cury

Agora que os mercados estão mais atentos às debêntures, os especialistas alertam para três ofertas:

  • Rumo (RAIL3)
  • Itaúsa (ITSA4)
  • Cury (CURY3)

A Rumo irá emitir debêntures no valor total de R$ 1 bilhão. A emissão será em duas séries e as debêntures emitidas na primeira terão prazo de vencimento de 10 anos contados da data de emissão, e as de segunda série terão prazo de vencimento de 15 anos.

A totalidade dos recursos líquidos captados pela empresa por meio de emissão será destinado para investimento, pagamento futuro ou reembolso de gastos, despesas ou dívidas relacionadas ao projeto de investimento. Os juros remuneratórios ainda não foram definidos e a oferta é CVM 400, ou seja, aberta para qualquer investidor.

Já a Itaúsa irá emitir R$ 2,5 bilhões em debêntures não conversíveis em ações. A maior parte do recurso será direcionada para a aquisição de ações e aporte de capital na Aegea Saneamento. Assim como a Rumo, a holding não informou os juros remuneratórios, mas a sua oferta é CVM 476, ou seja, apenas para investidores qualificados.

Cury, por sua vez, irá ofertar um valor menor de R$ 200 milhões em debêntures, com o vencimento da dívida em julho de 2026. A remuneração será de 100% da taxa DI mais uma taxa a ser definida no procedimento de bookbuilding, limitada a 1,85% ao ano. Os recursos serão destinados para o capital de giro da empresa. A oferta é 476.

“Estamos com um cenário muito construtivo para as debêntures, tanto em 2021 quanto 2022, o mercado vem crescendo cada vez mais e as perspectivas futuras são positivas”.

Afinal, o que é CVM 400 e CVM 476?

Na análise dos especialista, a CVM 476 é benéfica para a empresa pois agiliza a oferta e limita o número de investidores, ou seja apenas para aqueles que realmente tem um grande capital.

“A emissão 400 envolve um nível maior de formalidade e uma burocracia mais elevada, além de um custo mais alto para o emissor por conta de todo o procedimento que ela tem que cumprir. Já a 476 é uma emissão mais rápida e já tem um público destinado”, disse Dias.

Portanto, veja em detalhes a principal diferença entre as duas ofertas:

  •  CVM 400: ofertas de valores mobiliários, com prospecto e registro obrigatório na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
  • CVM 476: oferta pública, mas com esforços restritos, destinada a investidores qualificados. Permitida a procura de, no máximo, 75 investidores qualificados, e os valores mobiliários ofertados deverão ser subscritos ou adquiridos por, no máximo, 50 investidores qualificados. Dispensa registro na CVM.

“Os registros das debêntures na CVM que são dispensados na 476 deixam estas operações mais baratas e mais agéis do que as emissões CVM 400”, concluiu Lorio.

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